'soon this space will be too small and I'll laugh so hard that the walls cave in then I'll die three times and be born again in a little box with a golden key and a flying fish will set me free ... soon this space will be too small and I'll go outside and I'll go outside'... lhasa de sela



IVG
Paula Rego - triptico sem título, da série sobre o aborto

Deste lado, depois do que lemos e ouvimos, julgamos que existe "alguma confusão" em torno do problema:

“Não devemos confundir o problema ético do aborto com o problema essencialmente político de saber se (e em que termos) a lei deve proibir o aborto. Contudo, ainda que sejam distintos, estes dois problemas estão relacionados: o problema ético é o fundamental, o que não significa que podemos investigá-lo sem atender ao problema político, mas não fazer o inverso. A resposta correcta ao problema político depende crucialmente da resposta correcta ao problema ético. Se descobrirmos que o aborto não é eticamente errado, ficaremos sem boas razões para o proibir. Sob a hipótese da permissividade moral do aborto, manter ou tornar o aborto ilegal, penalizando quem o realiza, constitui uma restrição arbitrária à liberdade das mulheres. E se descobrirmos antes que o aborto é eticamente errado? Deveremos inferir que a lei deve proibi-lo? Aqui é preciso avançar com mais cuidado, já que seria absurdo afirmar que a lei deve proibir tudo aquilo que é imoral. No entanto, se descobrirmos que o aborto é errado do mesmo modo ou pela mesma razão que o homicídio é errado, dificilmente conseguiremos evitar a conclusão de que a lei deve colocar fortes restrições ao aborto.”
A ética do aborto - perspectivas e argumentos, organização e tradução de Pedro Galvão


Lei actual:

Lei n.º 6/84 de 11 de Maio (Exclusão de ilicitude em alguns casos de interrupção voluntária da gravidez)

Lei n.º 90/97 de 30 de Julho (Altera os prazos de exclusão da ilicitude nos casos de interrupção voluntária da gravidez)

A pergunta do referendo: «Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras dez semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?». Do lado de cá, entendemos que a questão nos interpela sobre a legitimidade do Estado para penalizar a mulher pela realização de aborto. Mas, também deste lado, podemos andar um pouco "confusos".

Paula Rego - sem título, da série sobre o aborto


[makes me lay and love you]*
*The letting go - bonnie "prince" billy


para te manteres vivo - todas as manhãs
arrumas a casa sacodes tapetes limpas o pó e
o mesmo fazes com a alma - puxas-lhe brilho

regas o coração e o grande feto verde-granulado

deixas o verão deslizar de mansinho
para o cobre luminoso do Outono e

às primeiras chuvadas recomeças a escrever
como se em ti fertilizasses uma terra generosa

cansada de pousio - uma terra
necessitada de águas de sons de afectos para

intensificar o esplendor do teu firmamento

passa um bando de andorinhões rente à janela
sobrevoam o rosto que surge do mar - crepúsculo

donde se soltaram as abelhas incompreensíveis
da memória

luzeiros marinhos sobre a pele - peixes

que se enforcam com a corda de noctílucos
estendida nesta mudança de estação
Al Berto

[ODE to him]

“... uma metáfora leve em relação ao que é uma ligação directa com a vida,
com as pessoas,
com os amores,
comigo mesmo".
Sérgio Godinho

Uma rena catita, vinda das terras frias do norte...

traz notícias solarengas :)

obrigada Ana, bom trabalho!:)

azul aqui

[À l'air libre]


gincho, outubro de 2006
Fotografias do P.


[night]

"Last night I dreamed that I was dreaming of you And from a window across the lawn I watched you undress Wearing your sunset of purple tightly woven around your hair That rose in strangled ebony curls Moving in a yellow bedroom light The air is wet with sound The faraway yelping of a wounded dog And the ground is drinking a slow faucet leak Your house is so soft and fading as it soaks the black summer heat A light goes on and the door opens And a yellow cat runs out on the stream of hall light and into the yard A wooden cherry scent is faintly breathing the airI hear your champagne laugh You wear two lavender orchids One in your hair and one on your hip A string of yellow carnival lights comes on with the dusk Circling the lake with a slowly dipping halo And I hear a banjo tango And you dance in to the shadow of a black poplar tree And I watched you as you disappeared I watched you as you disappeared I watched you as you disappeared I watched you as you disappeared"

Watched her disappear, Tom Waits

marVão, fevereiro de 2006
[Pellicula] ou, coisas que eu gosto
Um céu azul (como o de hoje), roupa branca lavada,
e uns raios de sol a aquecer o pátio.
Inspiro,
Expiro,
sinto-me.

Porque teve de ser,

Porque recebi a iniciativa da Raquel como uma dádiva,

Porque necessito de me experimentar
[esticar o ser]...


Aqui vai um bocado de mim, no caderno #4 do travelling journal, a caminho da Suécia :)
Bom trabalho!

[again...no one else to blame]



joel - I don't see anything I don't like about you.
clementine - But you will! But you will, and I'll get bored with you and feel trapped, because that's what happens with me.
joel - Okay.
Eternal Sunshine of the Spotless Mind, 2004


O projecto Travelling Journal pretende promover o intercâmbio e a interactividade na prática das expressões artísticas, através da partilha directa de trabalhos de escrita, fotografia, pintura, desenho, colagem e ilustração, no suporte de um caderno que passará de mão em mão e servirá assim como um diário de imagens colectivo.
já em viagem
JOURNAL#03
created by: Cátia Mourão


» 01. Cátia Mourão - Lisboa (Portugal)
02. Cristina Nunes da Cunha - Milano (Italia)
03. Fernando Gouveia - Vila Real (Portugal)
04. Raquel Costa - Porto (Portugal)
05. José Henrique - Vila Real (Portugal)
06. Susanisca - Lisboa (Portugal)
07. Luís Filipe Gomes - Odivelas (Portugal)
08. Isabel Coelho dos Santos - Firenze (Italia)
09. Pedro Vieira - Lisboa (Portugal)
10. Ricardo P. Machado - Lisboa (Portugal)
11. Eduardo Basto - Coimbra (Portugal)
12. Alice - Amadora (Portugal)

"(...)mergulhe em si próprio e sonde as profundidades onde a sua vida brota. Só lá encontrará a resposta à pergunta: - "Devo criar?". Desta resposta recolha o som sem forçar o sentido. Talvez chegue então à conclusão de que a arte o chama. Nesse caso, aceite o seu destino e tome-o, com o seu peso e a sua grandeza, sem jamais exigir uma recompensa que possa vir do exterior. O criador deve ser todo um universo para si próprio, tudo encontrar em si próprio e nessa parcela da natureza com que se identificou. Pode acontecer que, depois desta descida em si mesmo, ao "solitário" de si mesmo, tenha de renunciar a ser poeta. (Basta, a meu ver, sentir que se pode viver sem escrever para que não seja permitido escrever). Mas, mesmo neste caso, a introspecção que lhe peço não terá sido vã." Rilke, Rainer Maria, Cartas a um Jovem Poeta


"I hold this letter in my hand A plea, a petition, a kind of prayer I hope it does, as I have planned Losing her again is more than I can bear I kiss the cold, white envelope I press my lips against her name Two hundred words. We live in hope The sky hangs heavy with rain Love letter love letter Ho get her go get her Love letter love letter Go tell her go tell her A wicked wind whips up the hilla handfull of hopeful words I love her and I always will the sky is ready to burst said something I did not mean to say said something I did not mean to say said something I did nor mean to say It all came out the wrong way Love letter love letter Go get her go get here Love letter love letter Go tell her go tell her Rain your kisses down upon me Rain your kisses down in storms And for all who´ll come before me In your slowly fading forms I´m going out of my mind Will leave me standing in The rain with a letter and a prayer Whispered on the wind Come back to me Come back to me O baby please come back to me." Nick Cave & the Bad Seeds
[ridiculamente bela]

[Negativo de alma] - modus vivendi
de, como é simples ser feliz. ou, Renata’s sky
r. – sabes tia, eu agora sou uma miúda feliz.
a. – vais dizer-me porquê princesa?
r. – porque, agora que tu pintaste o céu azul no meu quarto,
eu sou diferente de todas as outras crianças.
(sorri, olha para o tecto, rodopia de braços abertos e grita...)
eu tenho um céu só meu, O MEU CÉU!!!
(e ficámos as duas, a ver o vento soprar as nuvens.)

TEclas praZERES e cUMplicidades

made in portugal




Dragonfly out in the sun you know what I mean,
dont you know
Butterflies all havin fun
you know what I mean
Sleep in peace when day is done
Thats what I mean”

[ODE to him]

estou opiada de ti
e percorres-me os nervos todos
com papoilas borboletas vermelhas

o meu corpo entrança-se de sonhos
e sente-se caminhando por dentro
aspiro-te
como se me faltasse o ar
e os perfumes dançam-me

qualquer coisa como uma droga bem forte
corpo e alma
rezam pequenas orações
gestos ritmados ao abraçar-te como que abraça
sonhos
coisa estranha

opiada me preciso ou apenas vestida de papoilas e
muito sol com luas por dentro

para poder mastigar estes sonhos
reais como mandrágoras

Ana Mafalda Leite

[um em vez de dois]
Gustav Klimt - "The Kiss" (1907/08)
"O tornar-se um em vez de dois é a verdadeira expressão de uma antiga necessidade da humanidade. A razão é que a natureza humana era originalmente una e nós éramos um todo, e o desejo e a busca do todo recebe o nome de amor".
O Banquete, Platão

[come sail your ships around me]


The Ship Song, Nick Cave & the Bad Seeds

matizes passadas