'soon this space will be too small and I'll laugh so hard that the walls cave in then I'll die three times and be born again in a little box with a golden key and a flying fish will set me free ... soon this space will be too small and I'll go outside and I'll go outside'... lhasa de sela

[Last night]

Seminário de antropologia filosófica, numa das salas da fcsh, N. F. abre A espuma dos dias do Boris Vian e lê o sublinhado no seu livro, (traduzindo directamente do francês):

“ A terra é estéril - disse o homem - sabe o que isso quer dizer: para a defesa do país são precisas matérias de primeira qualidade. No entanto, há muito tempo se verificou que os canos das espingardas só crescem regularmente e sem distorção se houver calor humano. Coisa que sucede, aliás, com todas as armas.
- Claro - disse Colin.
- Tem de fazer doze pequeninos buracos na terra – disse o homem - , repartidos pelo coração e pelo fígado, e depois deita-se em cima dela despido. Tapa-se com a cobertura de lã estéril que ali está, e procura libertar o calor perfeitamente regular.
(...)
- Crescem para baixo? - disse Colin.
- Sim, por baixo está iluminado - disse o homem. – Têm um fototropismo positivo mas crescem para baixo porque são mais densos que a terra, ilumina-se principalmente a parte de baixo, para não haver distorção.
(...)
- Utilizam mulheres? – perguntou Colin.
- Não podem fazer o trabalho – disse o homem. – Não têm o peito suficientemente chato para o calor se repartir de uma forma perfeita. Vou deixá-lo trabalhar.(...)”

Desta vez, curiosamente, também lá estavas, seguindo a leitura atentamente. O texto impresso nas páginas 170-171, o asterisco, a linha negra de carvão deixada pelo lápis. Tudo tão claro.

Há uns tempos, no programa Câmara Clara, a psicanalista Maria do Carmo Sousa dizia: “eles são um produto limpinho, purinho, como a água do luso”...eu disso não percebo nada, só sei que são sempre reais, muito reais.

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