[de quando, assim de repente, lemos o que não queremos ou do dedinho na ferida...]
"Nunca tivemos tempo, não é, uns para os outros, e agora é tarde, estupidamente tarde, ficamos assim a olhar-nos, ausentes, estrangeiros, cheios de mãos supérfluas sem bolsos para ancorar, à procura, na cabeça vazia, das palavras de ternura que não soubemos aprender, dos gestos de amor de que nos envergonhamos, da intimidade que nos apavora. (...) Nunca é agora entre nós*, é sempre até domingo, até sexta, até terça, até ao próximo mês, até para o ano, mas evitamos cuidadosamente enfrentar-nos, temos medo uns dos outros, medo do que sentimos uns pelos outros, medo de dizer Gosto de ti."
*esta frase transporta-me para a comoção que sinto cada vez que oiço isto:
"Intimacy is when we're in the same place at the same time dealing honestly with how we feel, and who we really are".
in, Explicação dos Pássaros, António Lobo Antunes
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